quinta-feira, 17 de maio de 2007

Violência nas praxes - comunicado do M.A.T.A.

Universidade de Coimbra: mais violências das praxes!

Começou por ser mais um caso público de praxe violenta. No dia seguinte passou a dois. No primeiro caso, um jovem estudante viu-se “imobilizado por colegas mais velhos e alguns começaram a rapar-lhe os pêlos púbicos com uma lâmina de barbear” do que “resultou o rompimento de parte do escroto do caloiro”, segundo conta um jornal diário. O outro “para além de unhas negras, resultantes de apanhar com uma colher de pau” sofreu cortes no couro cabeludo com uma tesoura enquanto lhe cortavam o cabelo, segundo outro jornal diário regional. Um apresentou queixa ao Conselho de Veteranos (CV), o outro, junto das autoridades policiais.

José Luís Jesus, dotado do “nobre título” dux veteranorum da Universidade de Coimbra, garante-nos que os agressores “estão devidamente identificados”; que ainda “esta semana serão feitas todas as averiguações”; e que caso tenha havido abusos “o CV vai até às últimas consequências”. Além de se fazer passar por uma autoridade para tratar o que as leis normais, iguais para toda a gente, deveriam resolver, este estudante acrescentou ainda, em declarações mais recentes: “já sabemos que é tudo mentira! Se o estudante tem um rompimento no escroto, foi porque fez outra coisa qualquer!” Parece incrível, mas é verdade: as “leis” da praxe são feitas para proteger e fomentar a barbaridade e não precisam de grandes averiguações para “julgar” e tomar as suas “decisões”.

Surge então uma pergunta: Que entidade é esta, o “CV”, e as pessoas que o constituem, os “duces”, que se auto reveste do poder de identificar, averiguar, julgar e condenar situações nas quais não esteve directamente envolvida? O Estado reconhecelhe esse direito?

É inaceitável que se pense que as pessoas que praticam as praxes podem ser as mesmas a fiscalizar os actos por si praticados, e ainda para mais consideradas idóneas. Como se pertencessem a uma instituição à parte, numa proposta de mundo à parte – a Universidade. É exactamente essa proposta de Universidade-fortaleza, fechada ao mundo, que recusamos.

A sociedade vai perdendo a ilusão de que as praxes não passam de um conjunto de brincadeiras menores e que até é normal que tenham instituições próprias que a regulem. Mas se por algum motivo não tivessem acontecido cortes no escroto ou no couro cabeludo, nódoas negras e hematomas, estes casos teriam sido notícia? O CV consideraria aquela praxe admissível?

O Conselho de Veteranos talvez responda sim a esta pergunta alegando, em defesa dos agressores, que o aluno aceitou ser praxado. E novas questões se colocam: em que condições aceitou ser praxado? Foi de livre e espontânea vontade que avançou para a praxe, com o conhecimento prévio do que lhe poderia acontecer? Não foi persuadido sob nenhuma forma, física ou psicológica (e o motivo da integração adapta-se perfeitamente a este tipo de persuasão) para se submeter à vontade dos praxantes? Infelizmente, sabemos que a coragem de não aceitar e denunciar estas violências é quase sempre “premiada” com o abandono e a hostilização das vítimas e a cumplicidade com os agressores: o passado recente mostra-nos que os responsáveis pelas escolas e pelo ministério são os primeiros a contribuir para o clima do medo e da impunidade.

O Movimento Anti “Tradição Académica” não aceita esses poderes obscuros e sem qualquer legitimidade e considera que estes casos não são acontecimentos isolados mas que acontecem devido à própria natureza da praxe. Condenamos as violências inerentes às praxes quer se tornem em casos públicos ou não. Apelamos aos estudantes que rejeitem qualquer forma de praxe, bem como todas as imposições e os poderes absurdos de estudantes sobre estudantes disfarçadas de brincadeiras e "tradição". A lei da praxe não vale nada, nem pode sobrepor-se às leis do país e ao convívio entre estudantes sem imposições, sem chefes e sem violências.

Por último, mantemos a expectativa de que o Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Mariano Gago, mantenha o perfil de indignação que já demonstrou relativamente a situações semelhantes, esperando ainda pelo momento em que verdadeiramente coloque na agenda a reflexão e acção sobre este tema. Para ele, como para toda a comunidade escolar e sociedade em geral, desistir e abreviar responsabilidades seria uma atitude inaceitável. Esperemos que, à semelhança do que aconteceu noutros casos como o de Ana Sofia Damião, não seja a própria instituição escolar a querer ocultar o que se passou para manter o bom nome da casa.

16.Maio.07
M.A.T.A. – movimento anti “tradição académica”

3 comentários:

Anónimo disse...

LOL das duas uma, ou nunca foste a uma praxe ou entao apanhaste a praxe errada. Ou entao és frustrado por teres sido mandado embora de alguma praxe nao sei..

Anónimo disse...

O que acontece algumas vezes (poucas mas infelizmente acontece) é que a praxe é dada por doutores que nao foram a quase nenhuma praxe no ano de caloiro e depois acham que podem fazer tudo o que lhes apetece na praxe e que os caloiros dsao obrigados a obdecer, o que nao é verdade. A isso chama-se de maus doutores e esses sim deveriam ser afastados de qualquer praxe. A praxe, desde que devidamente organizada e dada, nao faz mal nenhum a ninguem. Ninguem é obrigado a ir, so vai quem quer, e quem quer la estar nao é obrigado a nada, so faz o que quer. Tem ´que haver Agora, cabe na consciencia de cada um o que deve ou nao fazer. No caso do caloiro nao ser muito intrandescente e no caso dos doutores respeitarem a dignidade e bem estar fisico e moral dos caloiros. Digo desde já que na minha faculdade (FCUP) ambas as partes cumprem com o esperado.

Anónimo disse...

epa, por acaso vim aqui ter e vi alguem a dar o exemplo da fcup como uma faculdade onde ha muito respeito! sendo assim, acho que este é o melhor momento para mandar isto!

http://www.facebook.com/group.php?gid=120537747966494#!/video/video.php?v=118697438161383&oid=120537747966494

pahahahahahahahah :D