terça-feira, 30 de outubro de 2007

Comunicado do M.A.T.A.

Universidade do Porto vs Universidade do Minho
Na linha da praxe, o bom senso descarrila


A iniciativa da Federação Académica do Porto (FAP), que promove pelo terceiro ano consecutivo a deslocação de alunos da Universidade do Porto a outras cidades do país – o "Comboio do Caloiro" – descarrilou numa "rixa" entre alunos nas ruas de Braga.

Este encontro, que reuniu cerca de 6 mil alunos, está inserido no contexto da praxe. Mobilizou mais pessoas do que qualquer Assembleia/Reunião Geral de Alunos, manifestação do Ensino Superior, eleição para os órgãos representativos das universidades ou qualquer outra actividade socio-cultural universitária.
O problema, neste caso, não é os estudantes terem sido coagidos a participar, inquestionavelmente, num evento de contornos carnavalescos. Foram todos, ou quase todos, por sua livre e espontânea vontade. A gravidade consiste no conteúdo e no resultado da actividade. O conteúdo é a rivalidade entre cursos e universidades, o resultado a violência.
Segundo os organizadores, o evento promoveu o convívio entre duas universidades, que "passou as marcas, embora sem violência generalizada", e que resultou na intervenção da PSP. Dizem também que "o facto de estarem 200 alunos à espera de oito que se esconderam numa oficina, não quer dizer que lhes quisessem bater, mas tão só praxá-los". Esta é a sua justificação para o que aconteceu: "tudo não passa de uma brincadeira" ou um "arrufo de namorados". No entanto, se "um mero episódio de praxe" pode terminar em intervenção policial e, noutras situações, no hospital, em queixas, ou mesmo em casos de tribunal, devemos então questionar por que tal acontece e se deve continuar a acontecer.
O Movimento Anti "Tradição Académica" quer realçar que o discurso apaziguador promovido pelos defensores da praxe é, mais uma vez, posto em causa. Estes acontecimentos não são pontuais – apenas revelam os caminhos turbulentos da praxe.
Não são, nem devem ser, as estruturas fabricadas pela praxe, como os códigos, tribunais e comissões, a regular, prevenir ou punir, os excessos da praxe. Não se pode permitir que quem inventa e pratica a praxe seja ao mesmo tempo o seu fiscalizador. Não podemos ficar descansados com as declarações de preocupação demonstradas pelo presidente da Associação Académica da Universidade do Minho que diz que vai apurar o que aconteceu.
É cada vez mais óbvio que não é um assunto só da universidade.
A praxe invadiu as ruas.


M.A.T.A. – Movimento Anti "Tradição Académica"

29 de Outubro de 2007

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