domingo, 20 de janeiro de 2008

Professores de Letras contra a extinção da faculdade!

Professores falem em "mutilação de saberes"
U. de Lisboa: docentes da Fac. de Letras "rejeitam liminarmente" extinção da faculdade enquanto unidade orgânica
19.01.2008 - 09h21

Professores da Faculdade Letras da Universidade de Lisboa (UL), reunidos ontem em plenário, "rejeitaram liminarmente" a extinção da Faculdade enquanto unidade orgânica, mas não se manifestaram contra a reorganização científica da instituição em quatro áreas.
"Qualquer Universidade digna desse nome tem como unidade central do seu universo uma Faculdade de Letras. A mutilação de saberes imposta pela sua atomização ou extinção implicaria, 'ipso facto' o fim da Universidade", afirmam os docentes, em moção aprovada sexta-feira à noite, a que a Lusa teve acesso.
De acordo com o documento, aprovado em plenário do Conselho Científico da Faculdade de Letras, os docentes "só aceitarão uma reorganização da estrutura institucional da universidade que consista na valorização do património cientifico-cultural existente, com a manutenção das actuais faculdades".
O documento, que será entregue ao reitor da UL, foi aprovado com 120 votos a favor, 32 contra e duas abstenções. Do Conselho Científico fazem parte todos os professores doutorados da Faculdade de Letras, num total de cerca de 300 docentes.
Na quinta-feira, em declarações à Lusa, o presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras, Álvaro Pina, anunciou que a Universidade de Lisboa está a discutir e a reflectir sobre uma reorganização científica em quatro grandes áreas, que poderá passar pelo fim das faculdades existentes enquanto unidades orgânicas da UL.
"Ciências da Saúde", "Ciências e Tecnologia", "Direito, Administração e Economia" e "Humanidades Artes e Ciências Sociais" são as áreas propostas, sendo que actualmente a Universidade de Lisboa é constituída por nove unidades orgânicas: oito faculdades e um instituto.
"Os professores não são contra a existência dessas quatro áreas, se essas áreas forem entendidas como áreas de coordenação de ensino e investigação e não como unidades orgânicas", explicou à Lusa Miguel Tamen, professor catedrático da Faculdade de Letras.
De acordo com o docente, se aquelas áreas se tornarem unidades orgânicas, as faculdades vão perder autonomia e órgãos próprios: "O conselho científico, o conselho pedagógico e o conselho directivo passam a ser comuns numa mesma unidade orgânica. As decisões seriam tomadas a um nível muito mais remoto", criticou.
O estatuto orgânico das quatro áreas propostas será votado quarta-feira em assembleia estatutária da Universidade de Lisboa. Prevê-se que seja decidido se serão áreas de coordenação ou unidades orgânicas. Se se optar pela segunda hipótese, as actuais faculdades deixam de existir.
"É um projecto unilateral e individual que não tem qualquer apoio da Faculdade de Letras. Os professores rejeitam liminarmente o projecto e reagiram com grande hostilidade à possibilidade de a faculdade ser extinta por decisão de uma assembleia estatutária", garantiu o docente.
No documento, os professores da Faculdade de Letras reafirmam ainda que só aceitarão "qualquer reorganização orgânica ou a criação de novas unidades" desde que essas decisões sejam tomadas por "assembleias representativas".
No plenário, os professores ponderaram ainda a apresentação de um documento que designaram "moção de censura" contra o presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras por o responsável, alegadamente, ter transmitido à assembleia estatutária a sua posição em relação à reestruturação, "distorcendo o ponto de vista da faculdade". Prevê-se que seja votado terça-feira.
Ao longo do dia de ontem, a Lusa tentou contactar sem sucesso o presidente do Conselho Directivo.
Na quinta-feira, este responsável defendeu que a nova organização "permitiria uma melhor formação de estudantes, melhores condições de ensino e investigação e que os sectores mais dinâmicos e com maior capacidade de crescimento poderiam desenvolver-se sem os constrangimentos que resultam da actual organização da UL". "Serão sempre áreas de coordenação estratégica. Podem ser unidades orgânicas se isso for aprovado pela assembleia estatutária, ou podem não ser se isso for aprovado", afirmou.
A Lusa contactou igualmente o reitor da Universidade Lisboa, mas António Nóvoa remeteu para segunda-feira qualquer comentário ou esclarecimento.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Pinto Coelho assume que a lista X era do PNR

Depois de os membros da lista X, candidata à direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras nas últimas eleições, terem negado e renegado a sua ligação à extrema-direita, aos skins e ao PNR, José Pinto Coelho fala agora da candidatura à AE de Letras como uma das iniciativas do partido (para além da candidatura à Câmara de Lisboa e da afixação do cartaz xenófobo no Marquês de Pombal):

PNR: 2009 será ano da representação parlamentar - Pinto-Coelho

O presidente do PNR, José Pinto-Coelho, declarou-se hoje convicto de que 2009 será o ano em que o seu partido conseguirá ter representação parlamentar, depois de ter ganho mediatismo nos últimos dois anos.
José Pinto-Coelho falava à agência Lusa, num hotel de Lisboa, no início da terceira Convenção Nacional do PNR, que deverá ser reelegê-lo presidente do partido, cargo a que concorre sem adversários.
«2009 será para nós o ano da representação parlamentar», afirmou, considerando que os quase 10 mil votos - 9374 - obtidos nas últimas legislativas, em 2005, não servem como referência.
Nas eleições legislativas de 2002, as primeiras a que o PNR se apresentou, obteve 4712 votos.
«Nessa altura, 2002, 2005, vivíamos num casulo. Como outros partidos, só existíamos para as eleições e não éramos conhecidos por ninguém por não sermos um partido histórico. Hoje o PNR é mediatizado, as suas propostas são conhecidas», sustentou Pinto-Coelho.
Na sua moção, Pinto-Coelho assinala «a afixação do célebre cartaz no Marquês de Pombal» e as candidaturas à associação de estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa e às eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa.
Até 2009, o PNR terá de ultrapassar o obstáculo dos cinco mil militantes exigidos para manter a existência legal e fazer face à «carência grave e profunda no que respeita à organização interna», com a criação de «mais núcleos no país», de uma «rede de núcleos», apontou.
Quanto aos cinco mil militantes, o presidente do PNR confia que «campanha de filiação a custo zero» permitirá alcançar esse número dentro do prazo estabelecido de 90 dias, que se esgota «no princípio de Março».
«Mas jamais levarão qualquer dado dos nossos militantes», advertiu Pinto-Coelho.
Ao mesmo tempo que tenta obter novos filiados, o PNR mantém-se na «plataforma de pequenos partidos» que tenta «que a lei seja revogada ou pelo menos não seja aplicada».
Pinto-Coelho defende que o número de militantes não deve condicionar a existência legal dos partidos e que «nenhum critério deve substituir esse». Para o presidente do PNR, «nem sequer o número de votantes deve ser critério».
«O direito de associação e de criação de partidos políticos está consagrado na Constituição», salientou Pinto-Coelho.
Estavam presentes cerca de 50 pessoas na sala da terceira Convenção Nacional do PNR, quando se aguardava a intervenção do secretário-geral, Pedro Marques, que daria início aos trabalhos.

Diário Digital / Lusa

12-01-2008 17:51:00